quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Retrospectiva 2009

Tudo bem que 2010 já começou, mas só agora estou tendo tempo para refletir sobre o ano que acabou de acabar. 2009 foi um ano daqueles, afinal foram muitas mudanças e recomeços com o término do doutorado, a volta para o Brasil e tantas perspectivas abertas para o futuro. É nesse espírito que faço um pequeno top 10 das coisas que aconteceram por aqui neste ano:

1. Melhor novidade: cozinhei e comi meu primeiro peixe branco. Mais uma vez, a literatura gastronômica me ajudou a vencer limitações pessoais e, inspirada pela primeira refeição da Julia Child na França, preparei uma tilápia meunière que ficou simplesmente divina. Hoje em dia figura nas receitas que faço sempre.

2. Melhor doce: bolo de mirtilos. Em 2008 a sorveteira foi campeã absoluta das sobremesas, mas em 2009 eu não estive muito inspirada e cheguei até a estragar algumas receitas (como a do sorvete de pera com caramelo queimado). Mas este bolo de mirtilos deu muito certo, e o uso do leite de manteiga (buttermilk) na receita foi uma verdadeira revelação.

3. Melhor acompanhamento: risotto de vinho tinto com beterraba. Confesso que em 2009 não testei muitas receitas novas de risotto, confiando sempre nas versões mais básicas e velhas conhecidas, mas a que testei rendeu um dos melhores risottos que já comi. Sem falar no visual de arrancar "ahs" e "ohs" dos convidados.

4. Melhor aprendizado: frango assado. Em 2009 pude dizer que dominei de uma vez por todas os mistérios do frango assado perfeito. Das técnicas que testei, duas se destacaram: a de colocar o frango inteiro submerso numa salmoura (dois quartos de xícara de sal, um de açúcar e dois litros de água) por no mímino uma hora, o que garante uma carne macia, suculenta e temperada à perfeição; e a de besuntar o frango todo (por cima e por baixo da pele) com uma manteiga temperada com alho, manjericão, orégano, sal e pimenta, o que garante uma pele dourada e perfumada. Além disso, não deixo de assar junto com a galinha legumes cortados em pedaços grandes, que já fazem um acompanhamento ótimo.

5. Melhores restaurantes: empate técnico entre Au Pied de Cochon, Kitchen Galerie, Paraíso Tropical e Carlota. Os dois primeiros conheci quando ainda sobrevivia ao rigoroso inverno de Montreal (parece que foi numa outra vida), e estão certamente entre os melhores restaurantes que já fui. Os outros dois já fazem parte da minha vida pós-Canadá, e foram ótimas surpresas para um paladar desconcertado depois de tantas mudanças.

6. Melhor viagem gastronômica: Nova Iorque. Decidida a aproveitar cada segundo desta viagem, fiz uma extensa pesquisa antes de partir para a Big Apple em julho. O resultado: almocei no restaurante chiquérrimo do Daniel Boulud, jantei a pizza do Mario Batali, devorei o melhor hamburguer da cidade, lambi os dedos depois de comer a comida cajun do Acme, matei as saudades do ravioli do Corner Shop Cafe, tudo em uma semaninha. PS: este ano também valeu uma menção honrosa à Vermont, por onde passei muito rapidamente mas onde comi muito, mas muito bem.

7. Melhor salada: caprese. Em 2009 acho que comi mais caprese do que qualquer outra salada, e nas mais diversas variações: com tomate e queijo assados, com pedacinhos de bacon torrado por cima, temperada com sal defumado, com vinagre de vinho do porto, servida como aperitivo com molho pesto... todas deliciosas.

8. Melhor prato complicado: fettucine com ragu de pato. Acho que este foi o prato mais sofisticado de 2009, não exatamente por ser difícil mas por ter etapas bastante demoradas: primeiro tive que dourar as coxas de pato, separando a gordura excedente, depois cozinha-las num molho à base de tomate e aromáticos, depois retirar a carte, separa-la dos ossos e retornar ao molho, que somente então é finalizado. Dá trabalho, mas vale a pena.

9. Melhor prato simples: arroz frito. Antigamente eu costumava recorrer ao macarrão ou omelete quando precisava preparar um almoço do início ao fim em meia hora, mas hoje em dia sou escrava do arroz frito. É uma maravilha para transformar aquele resto de arroz branco esquecido na geladeira num prato simples, nutritivo e gostoso. Também é quase impossível errar: já misturei todo tipo de legumes, sempre com sucesso.

10. Melhores acontecimentos gastronômicos: Deixei por último para falar daquilo que é a verdadeira - não a real, mas a que se faz verdadeira - razão de ser da comida, que são os encontros com pessoas queridas. Sem elas, uma mesa de jantar é apenas uma mesa com pratos e talheres. Com elas, no entanto, o todo é sempre muito maior do que a soma das partes.

Neste ano Luiz e eu tivemos a imensa sorte de compartilhar refeições inesquecíveis com amigos, tanto os que fizemos em Montreal quanto os que estavam no Brasil (e os que vieram de lá para cá); com parentes, dos quais estávamos com muitas saudades; e a sós, porque também não somos de ferro. Me emocionei com cada um dos jantares, almoços, pique-niques, churrascos, ceias, cafés, até naqueles em que não estive presente em carne e osso. Que 2010 traga muito mais!

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