terça-feira, 30 de março de 2010

Maionese caseira (e um salpicão de quebra)


Tenho algo a confessar: há muitos anos eu não ficava tão ocupada a ponto de não ter tempo para cozinhar - ih, esquece cozinhar, estou sem tempo até para comer... Nem no auge do doutorado isso aconteceu, mas agora que estou ensinando a situação ficou periclitante. Todos dizem que é falta de prática, e quando pegar o ritmo da preparação de aulas e avaliações minha rotina vai voltar ao normal. Eu espero que seja isso mesmo, porque a verdade é que tenho me sentido culpada toda vez que tenho que apelar para um sanduíche feito às pressas ou comida pronta de restaurante.

Deve ter sido por isso que no primeiro dia em que eu tive um tempinho de sobra me deu vontade de fazer alguma coisa que eu nunca tinha feito antes, e que é geralmente considerada difícil e trabalhosa: maionese caseira. Descobri que só é trabalhosa para quem faz à mão (e quem faz é meu herói), porque com o mixer de imersão ou processador a coisa vai bem mais fácil. De qualquer modo dá um trabalhinho sim, e eu recomendo apenas para aquela receita onde a maionese fará toda a diferença, como numa salada de batatas ou neste salpicão de frango.


Maionese caseira (receita do Mark Bittman, How to Cook Everything Vegetarian):

- uma gema de ovo
- uma xícara de óleo vegetal (o mais neutro possível, azeite fica muito forte)
- duas colheres de chá de mostarda Dijon
- uma colher de sopa de suco de limão ou vinagre
- sal e pimenta à gosto

Coloque a gema e a mostarda no fundo de uma vasilha e bata bem até começar a ficar aerado. Vá incorporando o óleo BEM aos pouquinhos (usar um dosador é uma boa pedida), batendo sempre até que tudo esteja bem incorporado. É importantíssimo incorporar o óleo aos poucos, especialmente no início, porque é isso que impede que a maionese separe. Quando ela começar a ficar bem grossa e consistente pode aumentar o fluxo de óleo. Quando estiver tudo incorporado e sem perigo de separar, coloque o suco de limão ou vinagre e tempere com sal e pimenta à gosto. O Bittman diz que ela se conserva em geladeira por até uma semana.

Salpicão de frango:

Para o salpicão, fui apenas juntando ingredientes disponíveis: um peito de frango cozido e cortado em cubinhos, uma cenoura ralada, uma maçã e um pimentão vermelho cortados em cubinhos, meia lata de milho verde. Fiz um molho misturando meia xícara da maionese caseira com meia xícara de creme de leite, misturei bem e deixei na geladeira por uma hora antes de servir. Servi bem frio com batata palha (essa sim comprada pronta, que eu não sou de ferro). Ficou uma delícia.

terça-feira, 16 de março de 2010

Sorvete de côco com abacaxi grelhado

Está amarelo assim mas é côco, acreditem

Eu raramente cozinho coisas as quais não como. Minha cozinha nunca viu a cara de um camarão e acho que deve continuar assim. Acho que é uma coisa comum para quem cozinha para si e os mais próximos, diferentemente dos profissionais que precisam atender pedidos. Não sei como seria se eu trabalhasse num restaurante e tivesse que fazer - e provar - alguma coisa que eu detesto, porque isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

Mesmo assim, fiz este sorvete de côco para servir com um abacaxi grelhado no final de um jantarzinho thai para amigos chegadíssimos aqui em casa. Não gosto de côco, mas esta era a única sobremesa relativamente autêntica thai fácil de fazer no tempo que eu tinha e apropriada para o calor do verão baiano. Era isso ou banana frita e, vocês sabem, eu tenho nojo de banana. Essa aí eu não faço nem por dinheiro.

Segui a receita passo a passo, mas não teve aquela parte gostosa de provar todas as etapas. Eu provei, fazendo careta, só para constatar que estava com gosto de côco e segui adiante. Foi meio sem graça, confesso. Servi, os convidados amaram de paixão (elogiaram principalmente a combinação do côco com o abacaxi) e eu acredito neles. Mas não comi.

Sorvete de côco com abacaxi grelhado
(Receita adaptada do livro The Food of Thailand)

Para o sorvete:

400 ml (ou 1 xícara e 2/3) de leite de côco
250 ml (1 xícara) de creme de leite fresco
2 ovos
4 gemas (* os ovos caipiras que uso deixam tudo amarelo)
160 g (2/3 de xícara) de açúcar de confeiteiro
uma pitada de sal

Coloque o leite de côco e o creme de leite numa panela para esquentar. Antes de levantar fervura, desligue o fogo e tampe a panela. Reserve. Coloque os ovos, gemas, açúcar e sal numa vasilha e bata por três minutos até a mistura ficar grossa.

Coloque essa mistura para esquentar gentilmente em banho-maria, e aos poucos vá acrescentando a mistura de creme e leite de côco. Quando a mistura estiver grossa o suficiente para encobrir a colher de pau, desligue o fogo. Deixe esfriar por algumas horas e coloque na sorveteira.

Para o abacaxi, basta cortar em rodelas e grelhar pouco antes de servir. Eu gosto de marinar as fatias previamente com rum ou cachaça e um pouco de açúcar mascavo, que ajuda na caramelização.